
Diariamente somos confrontados com o nascer e o morrer de alguém.
A morte significa o fim para alguns, o começo para outros......
É a preservação da Vida e Bem-Estar de qualquer Ser Humano, o lema de todos os Enfermeiros.
Mas a dicotomia Vida/Morte está patente no dia-a-dia.
Como lidar com esta Dicotomia????
O SAV (Suporte Avançado de Vida) é uma solução para uns, um dilema de outros.
Seremos nós Deus????
As estatísticas não mentem, somente 5 % ou menos, dos Seres Humanos submetidos a SAV, conseguem passar do estado de gravidade extrema a seres humanos pensantes, sentimentais, sem quaisquer dependência física e / ou psíquica.
Pela experiência que possuo, apenas um....... sim, um único ser humano sobreviveu ao procedimento de SAV. Passo a descrever a situação: num serviço hospitalar, um utente fez uma lipotímia, vulgo desmaio, com PCR (paragem cardiorespiratória), prontamente o Sr Enfermeiro monitoriza o utente, detecta FV (fibrilhação ventricular), desfibrilha com 360 J, conversão a ritmo sinusal (ritmo sincopado e normal do coração) e o utente volta ao seu estado normal de consciência, isto tudo acontece em segundos, quando a eq médica chega, apenas constacta o facto e prontamente inicia o seu procedimento de estudo e averiguação da clinica do utente. Deus esteve ali.
Digamos que este utente estava no local, hora e com o profissional certo. Para mim, pessoalmente direi, ainda não era a hora, em que, SAV nenhum impediria a sua morte.
Serei eu mandante da Vida ou Morte de alguém?
Posso eu dizer pára a RCP (reanimação cardiopulmonar) ..... Mantem a RCP........
Ao efectuar o SAV, estarei a prolongar o sofrimento ? Evitar a morte? Prolongar a vida com qualidade???
A vontade do utente conta apenas quando este é livre de pensar, sem qualquer dependência de algoritmos, pelo estado de inconsciência?????
A morte existe..... para uns uma fobia, para outros uma admiração..... mas todos passamos por ela, está inquistada como pêndulo no relógio da vida.
Em todos estes casos o papel activo do Enfermeiro é importantíssimo!
O Sr Enfermeiro quer do CS (Enfermeiro de Família), quer da Unidade Hospitalar, sabe através da sua anamnese e convivio diário com o utente o seu estado de espírito, a sua corrente de raciocínio, a sua linha de acção, por vezes o mais íntimo que os familiares mais próximos desconhecem. O enfermeiro é assim um veículo vital para o procedimento de SAV ou não naquele ser humano.
A ética e deontologia profissional diz que deve actuar-se com SAV ou SBV sempre que nos deparamos com PCR, será esta ética um compartimento estanque???? Estou certo que não...... cada caso é um caso.
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