terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Os enfermeiros no pré-hospitalar.....



Soltam-se os gritos, o gato mia........





O INEM continua numa aposta de inovação, dinâmica. (espero que seja essa a intenção)





Fomenta agora, o já há mt sonhado pelos técnicos de ambulância de emergência (TAE), carreira com actos de enfermagem e médicos.

É óbvio que os Enfermeiros não obstam a tal facto, todos devem lutar por uma carreira digna, motivadora de sucesso e orgulho para qq profissional.

O problema reside nas funções que os TAE pretendem almejar. Ser detentor dos procedimentos consagrados no Regulamento do Exercício Profissional de Enfermagem, documento aprovado pela Assembleia da República, compete unicamente aos portadores do título de enfermeiro. Ora, os Srs TAE não tem título de enfermagem, logo, não podem nem devem desempenhar funções que estão consagradas a outras profissões.

Exemplo,
Os Enfermeiros que estão a instrumentar cirurgias, também as podem fazer, mas sabem perfeitamente ocupar o seu lugar, logo, não entram em conflito com cirurgiões.
Os Enfermeiros que estão na eq de anestesiologia tb sabem anestesiar (EOT, sedação, curarização, etc) mas não o fazem, nem reenvindicam uma carreira atropelando outros não-enfermeiros.
Assim, os enfermeiros das SIV e VMER, inicialmente tb se vão apoiar nos TAE mais credenciados, aprendendo, isso tb acontece com os não-enfermeiros que estão no ínicio do internato, mas depois ganham asas e voam no campo do conhecimento e autonomia. Isto é assim, para qq profissão.
A sabedoria é partilhada por mts num mesmo espaço, mas cada um tem a sua função.

Os TAE também podem ter a sua carreira, mas não têm de a conquistar invadindo o campo de outros.

Relatam que um paramédico convidado a um congresso fala que os enfermeiros querem ser paramédicos, será mesmo assim??? Se era paramédico não ia defender os enfermeiros, certo? e se o convidaram os TAE, não iria entrar em conflito com quem deu o dinheiro para palestrar.

Se aumentam as competências, quer as VMER, mas ainda com mais relevo as SIV não têm nexo estar a expandir e a proliferar no país. Isto revela, que o INEM está a ser gerido da frente para trás.

Os Enfermeiros do pré-hospitalar são e serão sempre uma mais valia, quer queiram, quer não. As práticas que os TAE estão reenvindicar são o dia-a-dia dos Enfermeiros, daí não ter nexo formar outros qd já existe quem o faça há mts e mts anos.

A enfermagem tem funções específicas e nunca vai abdicar delas.

O número de horas de formação que querem leccionar aos TAE, nada dizem do que será a prática.

A OE vai intervir certamente, esperamos que de forma assertiva e não passiva como há bem pouco tempo.


No blogue doutorenfermeiro, comentadores insurgem-se que não existem enfermeiros que consigam cobrir todo o território, isto é mt certo. Mas cada um de nós não tem uma ambulância à porta para socorrer qd necessitamos, em nenhum local do mundo isso existe. As SIV vieram cobrir mts defeitos do sistema. E não esqueçamos, qd alguém tem de morrer TAE, Enfermeiro e /ou Médico algum por mais perto ou longe que esteja, poderá evitar.

Desaprovo portanto a medida anunciada pelo Sr Sec Estado e concordância pela Presidência do INEM.

Recuso supervisão ou orientação de TAE no meu departamento.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O Caminho faz-se caminhando......


A Enfermagem Portuguesa está a entrar numa fase de retrocesso de gravidade ímpar.......

Qual a causa????

A etiologia desta doença que parece não ter fármaco para a tratar???

Será um síndrome raro???


De certo que muitos terão a sua argumentação a estas questões.

Vou portanto expôr o meu argumento.......


Já referi em post anterior que os Enfermeiros não estão a usar a sua arma mais poderosa a seu favor...... dirão, qual arma??


Meus caros, mais nenhum profissional de saúde passa tantas horas com o seu doente!


Portanto, a sua melhor arma é mesmo o objecto da nossa profissão: O DOENTE!!!!!!


Quem tiver esta arma do seu lado, tem a saúde na mão!


Por mais que outros profissionais de saúde lutem, esgrimem, critiquem, queiram abarcar funções, promover discordia, conflituem, entre outros, nunca estão 24 horas com o doente.


Caros, usem esta "arma".


Questão, logo a surgir, como usar??? lol


Mt simples,


- apresentem-se sempre ao doente;

- sejam competentes;

- quando não possuem conhecimento da patologia, procurem-no e passem a dominar o tema;

- promovam o bem-estar do próprio doente com autonomia;

- não evoquem os não-enfermeiros como sendo os mentores de cada acto que praticam, todos sabemos que é puro engano, mas aos olhos do doente parece que somos criados, portanto afinquem o vosso acto;
- escrevam notas de enfermagem com rigor científico, demonstrando o que fazem pelo doente;

- expliquem tudo o que vão fazer antes de proceder;

- entre outros........

- mudem a forma de dizer as coisas: "pelo facto de observar que o Sr. está com problemas intestinais (obstipação) comuniquei ao clínico, e ambos concordámos que irá iniciar uma dieta rica em fibras, ingestão hidrica mais acentuada, caso não resolvamos o problema, acordámos iniciar um medicamento, etc, etc, etc, etc"

simples + simples, não há.. lolololololoolololol


Isto demonstra ao doente que não somos criados de ninguém e trabalhamos em equipa.


Tendo o doente do nosso lado, como temos, garantidamente, podemos começar a lutar pela carreira, melhores condições de trabalho, etc......

Argumentando sempre com o nosso trabalho, casos práticos no dia-a-dia. E não, como têm feito até aqui a OE e os Sindicatos: "faltam enfermeiros para assegurar os cuidados aos utentes deste hospital" ------ alguém percebeu alguma coisa??????? niente...... lolooloool, isto é perder tempo de antena, é atirar para nós a incompetência e ignorância......


Se disserem: "existem 30 dtes internados neste hospital com AVC, estes doentes precisam de ser mobilizados de 2 em 2 horas para não sofrerem feridas na sua pele, correndo risco de vida, caso estas feridas infectem, aumentando em cerca de 50% o tempo de internamento, encargos na alta para os seus familiares, sofrimento, etc....... assim, com o despedimento de 10 enfermeiros, estes doentes só poderam ser mobilizados de 6 em 6 horas!" - o caso muda de tom em qq jornal da tarde.......

Tão fácil, não acham?????


Basta dizer o que fazemos, sem medo, sem vergonha!



"do silêncio à voz"



quinta-feira, 6 de novembro de 2008

SIV



Reforço de competências..................


Prestação de cuidados de emergência com maior qualidade técnico-científica..............


Portugal no séc. XXI



As competências da Enfermagem podem e devem ser aumentadas, em prole do utente, em prole do país. Somos o maior grupo profissinal da Saúde, mas o número é inversamente proporcional ao estímulo, motivação, autonomia, entre outros.

O INEM iniciou um investimento e ampliação de recursos qualificados nos seus quadros integrando Enfermeiros nas ambulâncias de emergência, medida da qual não podemos discordar e sim apoiar (na vizinha Espanha, transatlântica Califórnia já existem há mt com provas dadas - http://www.nursetv.com/) - Percebe-se neste site que Enfermeiros de craveira em UCI's, Urgência potencializam cuidados de excelência em emergência aos seus cidadãos.

Os Enfermeiros sentem-se motivados para a produção de adrenalina, mas o valor remuneratório pago é inversamente proporcional ao risco, condições de trabalho.

Existe uma diferença muito acentuada entre as remunerações das VMER e das SIV.

Caminhamos por isso na mesma instituição para enfermeiros de 1ª e enfermeiros de 2ª.

A diferença é discriminativa e motivo de contestação, desmotivação.
Aguardamos que o INEM e os responsáveis pela Enfermagem no INEM tenham isso em consideração!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

e com isto , vamos alimentando o monstro....


O título do post pode ser controverso, mas tenho a noção que identifica um facto que se passa com todos os enfermeiros.


Todos passamos o mesmo suplício, fruto de tradição, cultura, entre outros, mantemos um nível baixo de autonomia, de frustração, etc.... cada um de nós põe certamente mais adjectivos neste etc.


Com isto, quero comentar o seguinte:


em cada serviço por onde passo, vejo uma azafama enorme na eq de enfermagem, sempre aterefada, numa corrida contra o tempo, numa luta desigual, num frenesim que brada só a ver, que chega a cansar só com os olhos, a minha questão é: isto será qualidade de cuidados??


A resposta sincera é concerteza: NÃO!


O que se passa nestes serviços/departamentos dos nossos HHs???????


Pois todos sabemos, rácio mt abaixo dos mínimos preconizados pela OMS - enfermeiro/doente. Isto tem implicações enormes para a saúde do doente, despesa pública, performance do enfermeiro.


Vemos uns em congressos, aumentando o seu saber a custo zero, outros pagam e por vezes têm de realizar um esforço magnânimo para assistir e concluir cursos de formação.


Como pode haver qualidade de cuidados, quando em mts HHs os 3 enfermeiros passam toda a manhã a realizar higienes de 40 doentes dependentes, fazendo com que o trabalho seja unicamente higiene? As horas da medicação são cumpridas??? A possibilidade de erro não aumenta nestas circunstâncias? Onde está a actividade de suprimir as necessidades afectadas do doente num curto espaço de tempo? Onde estão os planos de cuidados que tanto estudámos na Escola Superior? Sabiam até que as notas de enfermagem não são objecto de arquivo morto?

A importância do nosso trabalho também está no que escrevemos! Mas o valor dado é nulo! Pelas próprias instituições. Também temos de ter consciência que existem notas que não têm "sumo" nenhum para qualquer arquivo - auto-negligência da nossa parte!


A CIPE(Classificação Internacional para a Prática da Enfermagem - linguagem universal dos enfermeiros), um valor em crescente para o nosso trabalho! Incrível, só a malta do Norte (e mt bem) está a trabalhar com ela com a seriedade e rigor que a mesma exige!


Que andamos nós a fazer?????????


Pensem nisto........... sei que é apenas a ponta do iceberg, mas cada um de nós lute!


Como podemos deixar passar isto em branco?


quarta-feira, 18 de junho de 2008

A GREVE


Já muitos questionaram....................

Poucos aderem....................

Imensos motivos para aderir......................

Perda de dinheiro..........

Trabalho a dobrar..........................

Entre outros.........


Pois bem, a greve é um instrumento reenvindicativo, que normalmente é usada como último recurso, num qualquer processo de negociação, entre entidade empregadora e seus colaboradores, convocada pelos sindicatos defensores dos seus associados.


Os enfermeiros não fogem à regra, mas têm uma particularidade que outras profissões não têm: o nosso lema é a saúde da pessoa humana. Como tal, tem de ser dito a todos os que leêm este post Os Enfermeiros fazem greve nos seus serviços, mas nunca abandonam o seu local de trabalho.

Ou seja, os utentes internados pouco ou nada sentem a greve, assim como os familiares que os visitam.

Os únicos enfermeiros que estão no poder, de não comparecer nos seus serviços são aqueles que desenvolvem o seu trabalho numa condição electiva.


Muitos colegas não aderem. Argumentam: os sindicatos nada fazem.... Trabalhamos mais...... Porque não uma adesão onde não fariamos rigorosamente nada ??? dois dias de greve são penalizadores para "o bolso", etc.........

Bom, devo dizer que o argumento da paralisação/ abandono da instituição é algo ridículo, alguns dirão, porquê???? os outros profissionais também páram e têm um mediatismo bem notório?


Se fosse a vossa mãe, pai etc que estava internado e/ou entrava na urgência não queriam que este fosse cuidado???? claro que queriam!!!! Mas se existisse alguém a dizer "estou em greve" e bem pode morrer, ficar sem ser alimentado, imundo, com dores que eu "não mexo uma palha", ninguém gostaria de ser tratado desta maneira. Daí não existir por parte dos sindicatos uma norma de cuidados mínimos, cada enfermeiro terá na sua consciência o que são os seus cuidados mínimos.


Trabalhamos muito mais neste dias porque somos bem menos, na ordem dos 50% a menos, mas isso acontece com todas as outras profissões. Se repararem, quando existe uma greve nos outro grupos profissionais, de facto no dia da greve estão parados, mas nos dias seguintes o trabalho duplica em muito. O que acontece aos enfermeiros é que trabalham a dobrar no próprio dia de greve.


Muitos dizem: "a greve não serve para nada"

Os mesmos que dizem não apontam outras formas de reenvidicar, dentro do quadro legislativo.

Só vejo uma outra solução: demissão em bloco (nacional), tal como aconteceu na Finlândia.

Fica a questão: Os enfermeiros Portuguese terão a coragem para tal feito????

quarta-feira, 28 de maio de 2008

O Poder Oculto


Já a prestigiada revista Visão, noticiou há cerca de 1 ano "os donos dos hospitais", como sendo a classe dos enfermeiros, explicando por A+B esta notícia.


Pergunto a todos os colegas: tem a noção do "poder" que possuem dentro da vossa instituição de Saúde?


Eu chamaria a "donos" / "poder", a responsabilidade.


A RESPONSABILIDADE do enfermeiro é de tal forma grandiosa que a falta deste profissional faz com que o SNS entre em colapso total. Todos os que exercem esta profissão têm a noção, mas muito poucos a fazem valer.


Os actos que praticamos são da nossa inteira responsabilidade, sejam estes independentes ou interdependentes.


Quero com isto dizer que nunca podemos "sacudir a água do capote".


O que tem estado a acontecer com a classe dos enfermeiros situa-se entre o não querer assumir os actos. Meus caros se não querem assumir e prestigiar /aumentar / defender actos, como querem ter reconhecimento ? estatuto? motivação? aumento de salário?


Só pelo facto de ter uma licenciatura apedrejam que querem mais, melhor, etc.....


Por aí , não creio que venham grandes modificações, como aumentos de 20 %.


Agora, quando defenderem, divulgarem, registarem, aquilo com que a praxis é notória no dia-a-dia o sucesso é garantido.



quinta-feira, 8 de maio de 2008

Desemprego....


Um flagelo da Sociedade Portuguesa que atingiu em massa os Srs Enfermeiros.


A reflexão é extensa, mas pode resumir-se a tópicos factuais:


Aquando do final da licencatura de Enfermagem, tal como em muitas outras profissões, existe a tradição de enviar currículos para todas as instituições de saúde pública e/ou privada, anunciando "acabei, quero trabalhar" :)


Todos sabemos que dos 4600 licenciados/ano, cerca de 70% faz este envio, ganho para os CTT, despesa que outrora era gratificante, hoje não tem retorno. São cerca de 4000 CV que as instituições recebem e amontoam nos seus secretariados e enviam directamente para o lixo (reciclagem de papel que não interessa). A resposta das instituições a esta procura desenfreada, com uma oferta escassa, não se fez esperar, iniciaram os concursos de recrutamento, tal como na vizinha Espanha.


Também sabemos que quando vamos a uma instituição e apresentamos o CV, e eles respondem temos 1000 em cima da mesa, sabemos que esses mil sao meros 200, pois esses mesmos mil estão em todos os HHs. Não existe obviamente uma veracidade completa.


Por outro lado, não foram construídos novos HHs nos últimos 10 anos, tantos qts tem a OE. Foram anunciados, mas não passaram do papel.


Mas como os responsáveis OE e Sindicatos anunciaram a falta de 20000 enf, promoveram a desenfreada abertura 2 cursos /ano e Escolas Superiores Públicas e Privadas.


Esta abertura promoveu a formação de imensos, levando em poucos anos ao invés da proporcionalidade indirecta - lei da Oferta / Procura.


Todos sabemos que existe falta de enfermeiros nos vários serviços, caso contrário não haveria tantos turnos extraordinários, gozo inexistente de feriados, etc... mas com a contenção de despesa pública, CA por nomeação política (na eleição pelos pares, o enf director tinha uma postura em prol dos colaboradores, agora tem uma postura em prol do poder político), ausência de status e importância pela sociedade, aumento da idade da reforma em 8 anos, fizeram com que a admissão seja a conta gotas, do tipo saem 2 entra 1.

A realidade é que só no meu serviço precisamos de pelos menos mais 20 enfermeiros, mas não os admitem porque não têm orçamento. Estou certo que os desempregados ainda têm emprego, mas não serão admitidos porque somos muito timidos em fazer valer a nossa actuação e reinvindicar mais colegas para obter qualidade nos cuidados.


Mas, estou plenamente em acordo que devem suspender de imediato a abertura de mais escolas, diminuir as vagas de acordo com as necessidades por forma a não desenvolver profissionais para o desemprego.


Deixo algumas sugestões aos responsáveis:


- Promover/criar junto da opinião pública o acto de enfermagem;

- Criar guidelines de excelência nos cuidados, parametrizando as instituições com a creditação da OE, quando essas linhas estão a ser cumpridas (tal como nos EUA);

- Controlo das Escolas na sua leccionação, promovendo um ensino rigoroso, formando bons profissionais;

- Maior ambição/responsabilidade nas funções de enfermagem com cobertura legal;

- Promover debates dentro da classe, identificando os casos de exploração, desemprego dos enfermeiros.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Enfermeiro Especialista??? .............


Caros,


Mais um tema que muitos questionam...........


Onde estão? Quantos anos estivemos "fora de mão" na estrada da autonomia, provocando "choques em cadeia", comprometendo a nossa dinamização, evolução e tecnicidade na prestação directa de cuidados? E, quanto tempo tem de passar para mudar o rumo?


A realidade presente foi a rotura / ausência de vagas para formação dos enfermeiros de cuidados gerais para enfermeiros especialistas, desde que a OE foi criada (1998). Os responsáveis preocuparam-se então, somente com o Complemento de Formação (olhando unicamente para o seu umbigo), promovendo uma desenfreada procura, com a oferta escassa, fazendo com que muitos pagassem muito dinheiro(no privado) para??? para nada. Segundo o MES os Srs Enfermeiros terão de caminhar mais um ano para serem master, ou seja, considerados TSS.

Fica a grande questão, Complemento para quê?


Somente há 2 anos iniciaram as novas Pós Licenciaturas..... mais uma vez uma procura desenfreada, entram unicamente os mais velhos na profissão (concordo em absoluto), os outros gastam o dobro pela mesma formação na privada.


Resta a questão, quantas vagas as instituições abrem para Enf Especialistas?


Poucas meus caros, muito poucas. E só podem exercer durante o dia, há noite fica muito caro (somente nascem utentes (Enf Obstetra), o resto são meras utopias) !


Qual não é o meu espanto, que mesmo outrora (antes de 1998) os Srs Enfermeiros utilizavam a Especialidade como "trampolim" para ser Chefe e/ou para passar a usar a sua formação de plena autonomia, em papeis, stocks, entre outros. Isto meus caros é a aniquilação da Enfermagem. Quero dizer com isto.... todos somos culpados pelo estado da profissão.


O lugar dos Srs Enfermeiros Especialistas é promoverem uma excelência de cuidados na área em que se especializam! Garantindo que outros não entrem nas funções da Enfermagem, ensinando e estimulando os pares a especializarem-se, promover ganhos ao SNS, promover recuperação rápida ao utente, garantir a importância da ENFERMAGEM PORTUGUESA no país e no mundo.


Vamos mudar o rumo! Participem nas Assembleias da OE, promovendo a dinamização das especialidades (acompanhando a evolução dos cuidados: Enf Esp em urgência, Enf Família, Enf Esp em ostomias, etc, etc).


quinta-feira, 10 de abril de 2008

Autonomia... serei eu autónomo ou subalterno???


Ora, meus caros......... uma boa questão, não??

Já cada um de nós a fez, na sua prática constante do dia-a-dia?????


Estou certo que o subconsciente está constantemente a fazê-la, mas conscientemente ignoramo-lo....... Dizem outros: "só ouvimos o queremos ouvir"


A formação do enfermeiro pauta-se pelas AVDs (actividades da vida diária) ou Necessidades Básicas do Ser Humano. Neste contexto, pode-se inferir à primeira apreciação que estamos a estudar coisas tão simples como higiene, vestir-se, alimentar-se, entre outros. Estes termos simples que banalizamos, no dia-a-dia, são duma complexidade extrema quando estamos sujeitos a contingências provocadas pela doença. É aqui que o enfermeiro exerce toda a autonima, com conhecimento técnico-científico para cuidar das necessidades básicas.

Vamos ser mais práticos: um doente com AVC (acidente vascular cerebral) nucleo capsular dto, como consequência este doente tem necessidades básicas afectadas: mobilidade, eliminação, entre outras. O Sr Enfermeiro inicia através de um diagnóstico os seus planos para rapidamente dar cobro a tais limitações ao paciente, intervêm Enfermeiro de Cuidados Gerais, Enf Especialista em Reabilitação.

Equipa de Enfermagem na sua plena autonomia, sem depender absolutamente de ninguém.


Mas será este o cenário dos nossos dias?????


Poderá ser para uns, numa percentagem quase ínfima.......... A realidade é cumprir prescrições farmacológicas, preocupar-se com logistica, papeis, no fundo, trabalho subalterno. Ainda temos a noção plena que se fizermos o que o outro prescreve, está tudo feito e não precisamos de mais nada. Fruto desta cultura estamos onde estamos: sem respeito por nós e dos outros por nós, sem auto-confiança, sem autonomia, sem estatuto, sem remuneração digna, muito depressivos, a inquistar como eu, pensamentos nos blogues sob profundo anonimato.


Vamos mudar a nossa imagem, ser mais enfermeiros e não meros tarafeiros de outros.

Para mudar o lado da produção dos outros, que têm sempre o estatuto, e são totalmente dependentes de nós, mas que perante "louros" afirmam-se como os mentores de tudo.


Imponham as vossas opiniões, devidamente fundamentadas, defendam os vossos comportamentos.


Comecem a mudança já hoje, agora, neste mesmo momento. "não deixes para amanhã, o que podes fazer hoje"

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Identifico-me ou não????



A Apresentação de um qualquer a nós é perfeitamente aceitável, acto de consideração mútua, respeito por respeito, no fundo "taco a taco".




Pois, os Srs Enfermeiros têm fobia à sua apresentação........ Se assim não é para quem lê este post, congratulo e dou os meus PARABÉNS!!!




Não com o que me deparo no dia-a-dia, atende-se o telefone e responde-se com o local donde estamos "x", outras vezes "fala o enfermeiro do local x", e o nome ????? onde reside o lugar deste nome próprio que me identifica, que me torna único?????




Aquando de agradecimentos a um CS (centro de saúde), unidade hospitalar, serviço hospitalar, por parte do Sr Utente, verifica-se o distanciamento, dispersidade, pouca objectividade relativamente à equipa de enfermagem...... Isto tem a sua explicação. Não nos identificamos!




"agradecimento / louvor: agradeço ao Sr Dr x, à eq de Enfermagem, Auxiliares do serviço "x" do HHs "y", muito obrigado pela dedicação, carinho, e esforço"




Vamos mudar o nosso comportamento: identifiquem-se com o nome e apelido, digo apelido porque completa em pleno a nossa identificação, existem muitos (as) Maneis, Migueis, Antónios, Joaquins, Anas, Filipas, tipo: "sou o Enfermeiro "josé feliciano", fala o Enfermeiro José Feliciano do serviço "X".


Não tenham medo! É através do nome que são conhecidos pelo utente e restantes profissionais, adquirindo no seu subconsciente o respeito.
Mais, tratem-se por Enf "x", entre os pares, aquando da presença de outros profissionais ou utentes.
Não veêm outros profissionais a tratarem "ó josé, ó antónio", veêm "ó Dr José, ó Dr António"


Já ouviram dizer ao utente de um CS: "vou à consulta, tratamento com o meu Enfermeiro josé feliciano" isto demonstra reconhecimento, respeito, estatuto perante a sociedade, basta começar a aliviar a nossa situação politico/laboral/financeira/social, pela simples apresentação aos outros.


Claro está, que a apresentação implica uma abertura, exposição ao mundo, neste contexto reflito sobre queixas mais personalizadas, das quais ninguém quer ser alvo. Mas, a percentagem de queixas contra enfermeiros, é pequena, e estão dependentes de múltiplos factores, que todos conhecemos: falta de tempo, escassez de profissionais, etc..... Raramente são por má educação, negligência, mas também existem e servem para a construção pessoal de cada um, melhorar sempre...


Mas, também os louvores e agradecimentos passam a ser pessoais. Meus caros verão o vosso esforço, mérito ser reconhecido. E, todos sabemos que dentro dos serviços somos o grupo profissional que mais trabalha em prol de um internamento curto, rápida recuperação dos nossos pacientes. Ahhhhh, mas não se esqueçam de tratar o utente pelo nome, não pela cama, aquando da passagem de ocorrências....

domingo, 6 de abril de 2008

SAV, ética, em nome de quem, queremos nós ser DEUS????


Diariamente somos confrontados com o nascer e o morrer de alguém.

A morte significa o fim para alguns, o começo para outros......

É a preservação da Vida e Bem-Estar de qualquer Ser Humano, o lema de todos os Enfermeiros.

Mas a dicotomia Vida/Morte está patente no dia-a-dia.

Como lidar com esta Dicotomia????

O SAV (Suporte Avançado de Vida) é uma solução para uns, um dilema de outros.


Seremos nós Deus????


As estatísticas não mentem, somente 5 % ou menos, dos Seres Humanos submetidos a SAV, conseguem passar do estado de gravidade extrema a seres humanos pensantes, sentimentais, sem quaisquer dependência física e / ou psíquica.


Pela experiência que possuo, apenas um....... sim, um único ser humano sobreviveu ao procedimento de SAV. Passo a descrever a situação: num serviço hospitalar, um utente fez uma lipotímia, vulgo desmaio, com PCR (paragem cardiorespiratória), prontamente o Sr Enfermeiro monitoriza o utente, detecta FV (fibrilhação ventricular), desfibrilha com 360 J, conversão a ritmo sinusal (ritmo sincopado e normal do coração) e o utente volta ao seu estado normal de consciência, isto tudo acontece em segundos, quando a eq médica chega, apenas constacta o facto e prontamente inicia o seu procedimento de estudo e averiguação da clinica do utente. Deus esteve ali.


Digamos que este utente estava no local, hora e com o profissional certo. Para mim, pessoalmente direi, ainda não era a hora, em que, SAV nenhum impediria a sua morte.


Serei eu mandante da Vida ou Morte de alguém?

Posso eu dizer pára a RCP (reanimação cardiopulmonar) ..... Mantem a RCP........

Ao efectuar o SAV, estarei a prolongar o sofrimento ? Evitar a morte? Prolongar a vida com qualidade???

A vontade do utente conta apenas quando este é livre de pensar, sem qualquer dependência de algoritmos, pelo estado de inconsciência?????


A morte existe..... para uns uma fobia, para outros uma admiração..... mas todos passamos por ela, está inquistada como pêndulo no relógio da vida.

Em todos estes casos o papel activo do Enfermeiro é importantíssimo!

O Sr Enfermeiro quer do CS (Enfermeiro de Família), quer da Unidade Hospitalar, sabe através da sua anamnese e convivio diário com o utente o seu estado de espírito, a sua corrente de raciocínio, a sua linha de acção, por vezes o mais íntimo que os familiares mais próximos desconhecem. O enfermeiro é assim um veículo vital para o procedimento de SAV ou não naquele ser humano.
A ética e deontologia profissional diz que deve actuar-se com SAV ou SBV sempre que nos deparamos com PCR, será esta ética um compartimento estanque???? Estou certo que não...... cada caso é um caso.