quarta-feira, 28 de maio de 2008

O Poder Oculto


Já a prestigiada revista Visão, noticiou há cerca de 1 ano "os donos dos hospitais", como sendo a classe dos enfermeiros, explicando por A+B esta notícia.


Pergunto a todos os colegas: tem a noção do "poder" que possuem dentro da vossa instituição de Saúde?


Eu chamaria a "donos" / "poder", a responsabilidade.


A RESPONSABILIDADE do enfermeiro é de tal forma grandiosa que a falta deste profissional faz com que o SNS entre em colapso total. Todos os que exercem esta profissão têm a noção, mas muito poucos a fazem valer.


Os actos que praticamos são da nossa inteira responsabilidade, sejam estes independentes ou interdependentes.


Quero com isto dizer que nunca podemos "sacudir a água do capote".


O que tem estado a acontecer com a classe dos enfermeiros situa-se entre o não querer assumir os actos. Meus caros se não querem assumir e prestigiar /aumentar / defender actos, como querem ter reconhecimento ? estatuto? motivação? aumento de salário?


Só pelo facto de ter uma licenciatura apedrejam que querem mais, melhor, etc.....


Por aí , não creio que venham grandes modificações, como aumentos de 20 %.


Agora, quando defenderem, divulgarem, registarem, aquilo com que a praxis é notória no dia-a-dia o sucesso é garantido.



quinta-feira, 8 de maio de 2008

Desemprego....


Um flagelo da Sociedade Portuguesa que atingiu em massa os Srs Enfermeiros.


A reflexão é extensa, mas pode resumir-se a tópicos factuais:


Aquando do final da licencatura de Enfermagem, tal como em muitas outras profissões, existe a tradição de enviar currículos para todas as instituições de saúde pública e/ou privada, anunciando "acabei, quero trabalhar" :)


Todos sabemos que dos 4600 licenciados/ano, cerca de 70% faz este envio, ganho para os CTT, despesa que outrora era gratificante, hoje não tem retorno. São cerca de 4000 CV que as instituições recebem e amontoam nos seus secretariados e enviam directamente para o lixo (reciclagem de papel que não interessa). A resposta das instituições a esta procura desenfreada, com uma oferta escassa, não se fez esperar, iniciaram os concursos de recrutamento, tal como na vizinha Espanha.


Também sabemos que quando vamos a uma instituição e apresentamos o CV, e eles respondem temos 1000 em cima da mesa, sabemos que esses mil sao meros 200, pois esses mesmos mil estão em todos os HHs. Não existe obviamente uma veracidade completa.


Por outro lado, não foram construídos novos HHs nos últimos 10 anos, tantos qts tem a OE. Foram anunciados, mas não passaram do papel.


Mas como os responsáveis OE e Sindicatos anunciaram a falta de 20000 enf, promoveram a desenfreada abertura 2 cursos /ano e Escolas Superiores Públicas e Privadas.


Esta abertura promoveu a formação de imensos, levando em poucos anos ao invés da proporcionalidade indirecta - lei da Oferta / Procura.


Todos sabemos que existe falta de enfermeiros nos vários serviços, caso contrário não haveria tantos turnos extraordinários, gozo inexistente de feriados, etc... mas com a contenção de despesa pública, CA por nomeação política (na eleição pelos pares, o enf director tinha uma postura em prol dos colaboradores, agora tem uma postura em prol do poder político), ausência de status e importância pela sociedade, aumento da idade da reforma em 8 anos, fizeram com que a admissão seja a conta gotas, do tipo saem 2 entra 1.

A realidade é que só no meu serviço precisamos de pelos menos mais 20 enfermeiros, mas não os admitem porque não têm orçamento. Estou certo que os desempregados ainda têm emprego, mas não serão admitidos porque somos muito timidos em fazer valer a nossa actuação e reinvindicar mais colegas para obter qualidade nos cuidados.


Mas, estou plenamente em acordo que devem suspender de imediato a abertura de mais escolas, diminuir as vagas de acordo com as necessidades por forma a não desenvolver profissionais para o desemprego.


Deixo algumas sugestões aos responsáveis:


- Promover/criar junto da opinião pública o acto de enfermagem;

- Criar guidelines de excelência nos cuidados, parametrizando as instituições com a creditação da OE, quando essas linhas estão a ser cumpridas (tal como nos EUA);

- Controlo das Escolas na sua leccionação, promovendo um ensino rigoroso, formando bons profissionais;

- Maior ambição/responsabilidade nas funções de enfermagem com cobertura legal;

- Promover debates dentro da classe, identificando os casos de exploração, desemprego dos enfermeiros.