sexta-feira, 25 de abril de 2008

Enfermeiro Especialista??? .............


Caros,


Mais um tema que muitos questionam...........


Onde estão? Quantos anos estivemos "fora de mão" na estrada da autonomia, provocando "choques em cadeia", comprometendo a nossa dinamização, evolução e tecnicidade na prestação directa de cuidados? E, quanto tempo tem de passar para mudar o rumo?


A realidade presente foi a rotura / ausência de vagas para formação dos enfermeiros de cuidados gerais para enfermeiros especialistas, desde que a OE foi criada (1998). Os responsáveis preocuparam-se então, somente com o Complemento de Formação (olhando unicamente para o seu umbigo), promovendo uma desenfreada procura, com a oferta escassa, fazendo com que muitos pagassem muito dinheiro(no privado) para??? para nada. Segundo o MES os Srs Enfermeiros terão de caminhar mais um ano para serem master, ou seja, considerados TSS.

Fica a grande questão, Complemento para quê?


Somente há 2 anos iniciaram as novas Pós Licenciaturas..... mais uma vez uma procura desenfreada, entram unicamente os mais velhos na profissão (concordo em absoluto), os outros gastam o dobro pela mesma formação na privada.


Resta a questão, quantas vagas as instituições abrem para Enf Especialistas?


Poucas meus caros, muito poucas. E só podem exercer durante o dia, há noite fica muito caro (somente nascem utentes (Enf Obstetra), o resto são meras utopias) !


Qual não é o meu espanto, que mesmo outrora (antes de 1998) os Srs Enfermeiros utilizavam a Especialidade como "trampolim" para ser Chefe e/ou para passar a usar a sua formação de plena autonomia, em papeis, stocks, entre outros. Isto meus caros é a aniquilação da Enfermagem. Quero dizer com isto.... todos somos culpados pelo estado da profissão.


O lugar dos Srs Enfermeiros Especialistas é promoverem uma excelência de cuidados na área em que se especializam! Garantindo que outros não entrem nas funções da Enfermagem, ensinando e estimulando os pares a especializarem-se, promover ganhos ao SNS, promover recuperação rápida ao utente, garantir a importância da ENFERMAGEM PORTUGUESA no país e no mundo.


Vamos mudar o rumo! Participem nas Assembleias da OE, promovendo a dinamização das especialidades (acompanhando a evolução dos cuidados: Enf Esp em urgência, Enf Família, Enf Esp em ostomias, etc, etc).


quinta-feira, 10 de abril de 2008

Autonomia... serei eu autónomo ou subalterno???


Ora, meus caros......... uma boa questão, não??

Já cada um de nós a fez, na sua prática constante do dia-a-dia?????


Estou certo que o subconsciente está constantemente a fazê-la, mas conscientemente ignoramo-lo....... Dizem outros: "só ouvimos o queremos ouvir"


A formação do enfermeiro pauta-se pelas AVDs (actividades da vida diária) ou Necessidades Básicas do Ser Humano. Neste contexto, pode-se inferir à primeira apreciação que estamos a estudar coisas tão simples como higiene, vestir-se, alimentar-se, entre outros. Estes termos simples que banalizamos, no dia-a-dia, são duma complexidade extrema quando estamos sujeitos a contingências provocadas pela doença. É aqui que o enfermeiro exerce toda a autonima, com conhecimento técnico-científico para cuidar das necessidades básicas.

Vamos ser mais práticos: um doente com AVC (acidente vascular cerebral) nucleo capsular dto, como consequência este doente tem necessidades básicas afectadas: mobilidade, eliminação, entre outras. O Sr Enfermeiro inicia através de um diagnóstico os seus planos para rapidamente dar cobro a tais limitações ao paciente, intervêm Enfermeiro de Cuidados Gerais, Enf Especialista em Reabilitação.

Equipa de Enfermagem na sua plena autonomia, sem depender absolutamente de ninguém.


Mas será este o cenário dos nossos dias?????


Poderá ser para uns, numa percentagem quase ínfima.......... A realidade é cumprir prescrições farmacológicas, preocupar-se com logistica, papeis, no fundo, trabalho subalterno. Ainda temos a noção plena que se fizermos o que o outro prescreve, está tudo feito e não precisamos de mais nada. Fruto desta cultura estamos onde estamos: sem respeito por nós e dos outros por nós, sem auto-confiança, sem autonomia, sem estatuto, sem remuneração digna, muito depressivos, a inquistar como eu, pensamentos nos blogues sob profundo anonimato.


Vamos mudar a nossa imagem, ser mais enfermeiros e não meros tarafeiros de outros.

Para mudar o lado da produção dos outros, que têm sempre o estatuto, e são totalmente dependentes de nós, mas que perante "louros" afirmam-se como os mentores de tudo.


Imponham as vossas opiniões, devidamente fundamentadas, defendam os vossos comportamentos.


Comecem a mudança já hoje, agora, neste mesmo momento. "não deixes para amanhã, o que podes fazer hoje"

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Identifico-me ou não????



A Apresentação de um qualquer a nós é perfeitamente aceitável, acto de consideração mútua, respeito por respeito, no fundo "taco a taco".




Pois, os Srs Enfermeiros têm fobia à sua apresentação........ Se assim não é para quem lê este post, congratulo e dou os meus PARABÉNS!!!




Não com o que me deparo no dia-a-dia, atende-se o telefone e responde-se com o local donde estamos "x", outras vezes "fala o enfermeiro do local x", e o nome ????? onde reside o lugar deste nome próprio que me identifica, que me torna único?????




Aquando de agradecimentos a um CS (centro de saúde), unidade hospitalar, serviço hospitalar, por parte do Sr Utente, verifica-se o distanciamento, dispersidade, pouca objectividade relativamente à equipa de enfermagem...... Isto tem a sua explicação. Não nos identificamos!




"agradecimento / louvor: agradeço ao Sr Dr x, à eq de Enfermagem, Auxiliares do serviço "x" do HHs "y", muito obrigado pela dedicação, carinho, e esforço"




Vamos mudar o nosso comportamento: identifiquem-se com o nome e apelido, digo apelido porque completa em pleno a nossa identificação, existem muitos (as) Maneis, Migueis, Antónios, Joaquins, Anas, Filipas, tipo: "sou o Enfermeiro "josé feliciano", fala o Enfermeiro José Feliciano do serviço "X".


Não tenham medo! É através do nome que são conhecidos pelo utente e restantes profissionais, adquirindo no seu subconsciente o respeito.
Mais, tratem-se por Enf "x", entre os pares, aquando da presença de outros profissionais ou utentes.
Não veêm outros profissionais a tratarem "ó josé, ó antónio", veêm "ó Dr José, ó Dr António"


Já ouviram dizer ao utente de um CS: "vou à consulta, tratamento com o meu Enfermeiro josé feliciano" isto demonstra reconhecimento, respeito, estatuto perante a sociedade, basta começar a aliviar a nossa situação politico/laboral/financeira/social, pela simples apresentação aos outros.


Claro está, que a apresentação implica uma abertura, exposição ao mundo, neste contexto reflito sobre queixas mais personalizadas, das quais ninguém quer ser alvo. Mas, a percentagem de queixas contra enfermeiros, é pequena, e estão dependentes de múltiplos factores, que todos conhecemos: falta de tempo, escassez de profissionais, etc..... Raramente são por má educação, negligência, mas também existem e servem para a construção pessoal de cada um, melhorar sempre...


Mas, também os louvores e agradecimentos passam a ser pessoais. Meus caros verão o vosso esforço, mérito ser reconhecido. E, todos sabemos que dentro dos serviços somos o grupo profissional que mais trabalha em prol de um internamento curto, rápida recuperação dos nossos pacientes. Ahhhhh, mas não se esqueçam de tratar o utente pelo nome, não pela cama, aquando da passagem de ocorrências....

domingo, 6 de abril de 2008

SAV, ética, em nome de quem, queremos nós ser DEUS????


Diariamente somos confrontados com o nascer e o morrer de alguém.

A morte significa o fim para alguns, o começo para outros......

É a preservação da Vida e Bem-Estar de qualquer Ser Humano, o lema de todos os Enfermeiros.

Mas a dicotomia Vida/Morte está patente no dia-a-dia.

Como lidar com esta Dicotomia????

O SAV (Suporte Avançado de Vida) é uma solução para uns, um dilema de outros.


Seremos nós Deus????


As estatísticas não mentem, somente 5 % ou menos, dos Seres Humanos submetidos a SAV, conseguem passar do estado de gravidade extrema a seres humanos pensantes, sentimentais, sem quaisquer dependência física e / ou psíquica.


Pela experiência que possuo, apenas um....... sim, um único ser humano sobreviveu ao procedimento de SAV. Passo a descrever a situação: num serviço hospitalar, um utente fez uma lipotímia, vulgo desmaio, com PCR (paragem cardiorespiratória), prontamente o Sr Enfermeiro monitoriza o utente, detecta FV (fibrilhação ventricular), desfibrilha com 360 J, conversão a ritmo sinusal (ritmo sincopado e normal do coração) e o utente volta ao seu estado normal de consciência, isto tudo acontece em segundos, quando a eq médica chega, apenas constacta o facto e prontamente inicia o seu procedimento de estudo e averiguação da clinica do utente. Deus esteve ali.


Digamos que este utente estava no local, hora e com o profissional certo. Para mim, pessoalmente direi, ainda não era a hora, em que, SAV nenhum impediria a sua morte.


Serei eu mandante da Vida ou Morte de alguém?

Posso eu dizer pára a RCP (reanimação cardiopulmonar) ..... Mantem a RCP........

Ao efectuar o SAV, estarei a prolongar o sofrimento ? Evitar a morte? Prolongar a vida com qualidade???

A vontade do utente conta apenas quando este é livre de pensar, sem qualquer dependência de algoritmos, pelo estado de inconsciência?????


A morte existe..... para uns uma fobia, para outros uma admiração..... mas todos passamos por ela, está inquistada como pêndulo no relógio da vida.

Em todos estes casos o papel activo do Enfermeiro é importantíssimo!

O Sr Enfermeiro quer do CS (Enfermeiro de Família), quer da Unidade Hospitalar, sabe através da sua anamnese e convivio diário com o utente o seu estado de espírito, a sua corrente de raciocínio, a sua linha de acção, por vezes o mais íntimo que os familiares mais próximos desconhecem. O enfermeiro é assim um veículo vital para o procedimento de SAV ou não naquele ser humano.
A ética e deontologia profissional diz que deve actuar-se com SAV ou SBV sempre que nos deparamos com PCR, será esta ética um compartimento estanque???? Estou certo que não...... cada caso é um caso.